O desperdício que ocorre em nosso país é uma questão essencialmente cultural, pois na verdade isso ocorre pelo simples fato que não tivemos guerra para gerenciar a es- cassez como, por exemplo, na Europa. Os europeus sabem exatamente como devem poupar pela experiência que tiver- am no passado.
O combate ao desperdício se aprende desde criança, ou seja, na infância, quando os pais ensinam aos filhos que não se deve colocar no prato mais do que se vai comer, no entanto o desperdício que vemos nos restaurantes que servem refeições a quilo é algo de nos deixar perplexos pela quantidade de comida que os freqüentadores deixam nos pratos. Contudo, nesses tempos de alto consumo, produtos descartáveis e pais trabalhando fora do lar, os conselhos se perdem e a criança se faz adulto sem saber o quanto perde e o quanto deixa de ganhar com o combate responsável ao desperdício.
Quando olhamos para um canteiro de obra, percebemos o que se perde em tijolos, pedra e areia para levantar um prédio ou uma casa, sem falar no cimento, sempre prepara- do além das necessidades da construção. Nas indústrias, ocorre o mesmo, quando o pessoal da limpeza, ao fim do dia, recolhe ao lixo uma quantidade enorme de matéria-pri- ma e produtos que não foram aproveitados. Nos escritórios, os cestos de papéis servem de indicador para o desperdício de papel e outros materiais de expediente.
Todavia, sabemos que o desperdício maior como fator cultural brasileiro, em qualquer atividade, é de natureza in- tangível, pois o tempo é a matéria-prima que jamais vamos recuperar.
Texto publicado no Jornal Cidade Leste - Informativo da Zona Leste de PoA Edição n° 15 Outubro / 2011.
Rodolfo Landgraf